Profissionais de enfermagem protestam contra suspensão da lei que garante piso salarial em Santa Maria

Rebeca Kroll

Profissionais de enfermagem protestam contra suspensão da lei que garante piso salarial em Santa Maria

Eduardo Ramos

Fotos: Eduardo Ramos (Diário)

A suspensão da lei que criou o piso salarial de enfermeiros, técnicos e auxiliares em enfermagem provocou mobilização nacional. Em Santa Maria, dezenas de profissionais estão reunidos na Praça Roque Gonzales, em frente ao Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo (HCAA), para pedir que o Congresso Nacional e o Governo Federal garantam fontes de custeio para o pagamento do piso.

O valor foi aprovado pelo Congresso, mas foi suspenso pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) no início deste mês. Na última sexta-feira (16), o STF encerrou a votação a respeito da decisão do ministro, por sete votos a quatro a suspensão segue por 60 dias.

Os ministros da Corte atenderam ao pedido da liminar feito pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde) para que o piso não fosse pago até que se definissem fontes de recursos financeiros. As entidades de saúde alegam que não têm condições de pagar o piso nacional da enfermagem.

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Mobilização

O ato organizado pelos sindicatos e entidades da área ocorre por todo território nacional. Pelo menos 12 estados estão com ações de defesa ao piso salarial e em sete deles haverá paralisação de parte dos serviços por 24 horas. A categoria gaúcha convocou os profissionais para lutar por 12 horas e além de Santa Maria e da capital, municípios como Palmeira das Missões, Erechim, Cruz Alta, Santa Rosa e Passo Fundo também fazem ações.

– O nosso objetivo com essa mobilização é sensibilizar as pessoas para a nossa classe. Pedimos pela valorização do nosso trabalho e estamos cobrando do governo o financiamento para que a lei do piso seja cumprida. É uma classe muito sofrida neste momento pós pandemia, perdemos muitos colegas e precisamos ser valorizados – afirma o representante do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul (SERGS), Juliano dos Santos Ribas.

Para o enfermeiro e integrante da SERGS, João Gilberto, a categoria precisa mostrar que está unida pela reivindicação do piso que era esperado há 20 anos.

– A suspensão foi um golpe bem difícil para a enfermagem, precisou de uma pandemia para a enfermagem entrar em evidência. Então estamos lutando para que o governo e a população nos enxerguem como presentes e necessários – relata João.

Além dos sindicatos e profissionais da saúde, também estiveram presentes professores e estudantes de Enfermagem. De acordo com a aluna da Universidade Fransciscana, Lisiele Marin, a classe estudantil esteve presente para apoiar e demonstrar a sua preocupação com o assunto.

– O ato é muito importante para mostrar o empoderamento da enfermagem e nós como acadêmicos temos que mostrar a nossa preocupação com o piso e lutar pela valorização da classe. Estamos batalhando pelo nosso futuro – diz Lisele.

O piso da enfermagem

O piso salarial dos profissionais da enfermagem, aprovado dia 4 de agosto, prevê a remuneração de enfermeiros em R$ 4.750, já para os técnicos, o valor deve ser correspondente a 70%, enquanto auxiliares e parteiras terão direito a 50%

A instituição do patamar salarial era uma luta histórica da categoria, que representa cerca de 2,6 milhões de trabalhadores. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), mais de 80% dos profissionais recebem valores inferiores ao novo piso. Para a enfermeira e representante da Articulação Nacional das Enfermeiras Negras (Anen), Leila Coutinho, a suspensão dessa conquista é um verdadeiro retrocesso.

– Estamos buscando uma equiparação, precisamos urgentemente do piso, porque a enfermagem é o que mantém os hospitais se nós pararmos a saúde também para. O Estado consegue manter esse salário, precisamos investir na saúde e nos seus profissionais –destaca Leila.

*Colaborou Vitória Parise, [email protected]

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